Evangelismo e Missões

INTRODUÇÃO

Estamos iniciando um novo trimestre com mais um tema palpitante: evangelismo e missões. Por que evangelizar e fazer missões? O que significa evangelismo e missões para a Igreja neste novo milênio? Quais os recursos e estratégias para a execução dessa tão sublime tarefa? A resposta a essas e outras perguntas é o tema deste trimestre. Hoje, vamos estudar o significado do evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. 

I. A PALAVRA “EVANGELHO”

1.
Etimologia. A palavra “evangelho” vem de duas palavras gregas eu, que quer dizer “bom”, e de angelia, que significa “mensagem, notícia, novas”. Assim, a palavra euuangelion quer dizer “boas novas, notícias alvissareiras”. Essa palavra aparece tanto no Antigo Testamento como na literatura extra-bíblica.No hebraico é bessorah (2 Sm 18.20,25,27; 2 Rs 7.9), que a Septuaginta traduziu por euuangelion. Originalmente significava “pagamento pela transmissão de uma boa notícia”. Com o tempo, passou a ganhar novo significado no mundo romano de fala grega, em virtude do culto ao imperador, pois a palavra euuangelion era usada para anunciar o nascimento deste ou a sua coroação. 
2. Novo Testamento.
Esse vocábulo, que é encontrado 76 vezes em todo o Novo Testamento, só aparece no singular; o verbo euuangelizo, “evangelizar”, 54; e euuangelistes, “evangelista”, três. O Senhor Jesus Cristo é o conteúdo do evangelho: sua vinda, seu ministério terreno, seu sofrimento, morte e ressurreição (Rm 1.1-7). É a mensagem de Cristo que salva o pecador (Jo 3.16; Rm 1.16). É o meio empregado por Deus para a salvação de todo aquele que crer (1 Co 15.2). Só através do evangelho é que o homem conhece a salvação na pessoa de Jesus. O evangelho de Cristo é a única resposta para este mundo que perece em conseqüência do pecado.

3. Os três estágios da palavra evangelho. 
a) No mundo grego,
tinha o sentido de recompensa por trazer boas novas.
b)
No Antigo Testamento (Septuaginta), o vocábulo indica as próprias boas-novas. Aparece em termos proféticos com o mesmo sentido que encontramos no Novo Testamento: “Quão suaves são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!” (Is 52.7). Veja o seu cumprimento em Romanos 10.15.
c) No Novo Testamento são as boas novas
que falam do Reino de Deus, da salvação e do perdão dos pecados na pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. É o evangelho da graça de Deus (At 20.24).

II. OS QUATRO EVANGELHOS

1. É a mensagem de salvação.
O evangelho é a mensagem transformadora do Calvário; não é meramente um livro. Se não é um livro, por que chamamos as quatro primeiras seções do Novo Testamento de “evangelhos”? Essa nomenclatura é externa, e surgiu a partir do séc. II, mas parece haver apoio interno para isso: “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1.1). O evangelista Marcos, depois dessa declaração, passa a narrar o ministério público de Jesus, que consiste no conteúdo do segundo livro na ordem do Novo Testamento; assim o termo “evangelho” ganhou novo estilo literário. 
2. A natureza dos evangelhos.
Mateus, Marcos, Lucas e João são a base do Novo Testamento; é impossível compreender a este sem os quatro evangelhos.
a) Os evangelhos sinóticos. Os três primeiros evangelhos são chamados de sinóticos. Este nome vem de duas palavras gregas syn, que significa “com”, e opsis, “ótica, vista”. A palavra “sinótico” quer dizer “visão conjunta”. Isto se aplica a Mateus, Marcos e Lucas porque eles são uma sinopse da vida de Cristo. Eles contêm muitas semelhanças entre si no conteúdo e na apresentação. 
b) O Evangelho de João.
Enquanto os sinóticos registram o ministério incessante e intenso do Senhor Jesus, as parábolas, os milagres e todos os demais feitos do Mestre, João preocupou-se mais em descrever os discursos profundos e abstratos de Jesus, revelando a sua deidade absoluta. O propósito é mostrar que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e que a fé em seu nome dá a todo o que nEle crê a vida eterna: “Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31). 

III. A PROMESSA DE DEUS

1. O resumo do evangelho.
O capítulo 1 da epístola aos Romanos é uma síntese do evangelho; é a mais bela de todas as introduções das epístolas paulinas. Em tão poucas palavras, diz tudo o que o homem precisa saber sobre Jesus. Alguém sugeriu que todos os crentes a decorassem para recitá-la diariamente como uma confissão de fé. Essas poucas palavras falam da origem divina e humana de Jesus, e descrevem o plano de Deus para a redenção da humanidade.
2. O plano de Deus.
O evangelho não é algo surgido de improviso, pois Deus o havia prometido desde “antes dos tempos dos séculos” (Tt 1.2). A Bíblia diz que Deus o prometeu “pelos seus profetas nas Santas Escrituras” (Rm 1.2). O Messias foi sendo revelado de maneira sutil e progressiva. Cada profeta apresentou um perfil do Salvador, até que a revelação se consumou na sua vinda.Há inúmeras profecias messiânicas e alusões diretas e indiretas ao Messias, e destas, cerca de 20 passagens apontam Jesus como o filho e sucessor do rei Davi. Mateus inicia o seu evangelho associando o Messias aos dois maiores pilares do Antigo Testamento: Abraão e Davi (Mt 1.1). O apóstolo Paulo ressalta, aqui, a realeza do Filho do homem (v.4). 

IV. O EVANGELHO QUE SALVA

1. O caráter universal do evangelho.
A Bíblia diz que todos os homens são pecadores e precisam reconciliar-se com Deus (Rm 3.23; 5.12). Não existe salvação sem Jesus (At 4.12). Ele mesmo disse: “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). No livro de Atos, encontramos o Espírito Santo impulsionando os cristãos no trabalho da pregação do evangelho. O alcance do evangelho, em tão pouco tempo, foi extraordinário. É o cumprimento da ordem de Jesus: “Até os confins da terra” (At 1.8).
2. A evangelização.
O evangelho é a mensagem de que o mundo tanto carece. Já faz dois mil anos que os cristãos vêm pregando esta mensagem, e ela continua sendo, a cada dia, sempre nova e eficaz. A evangelização, o discipulado e a intercessão são as três principais colunas do crescimento da Igreja. Cada igreja deve elaborar um projeto, com metas bem definidas, para alcançar os pecadores. O apóstolo Paulo diz que o evangelho salva, mas é preciso permanecer nele (1 Co 15.1,2). Evangelizar é tarefa de todos os crentes. 
3. Influência do evangelho na legislação das nações. O evangelho de Cristo tem influenciado muitas nações. Haja vista a Inglaterra e os Estados Unidos. Herdeiros de grandes grandes avivamentos espirituais, ambos os países garantem, através de legislações inspiradas na Bíblia, o respeito aos direitos humanos, a preservação da qualidade de vida e a justa distribuição de renda. Infelizmente, o mesmo não acontece nos países que se fecharam às Boas Novas de Cristo. Oremos, pois, a fim de que o Brasil seja totalmente evangelizado, pois, feliz é a nação que se acha compromissada com o evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. 

CONCLUSÃO

O Senhor Jesus constituiu a Igreja como a única agência do Reino de Deus na terra encarregada de anunciar as boas novas de salvação. É necessário, pois, a mobilização de toda a Igreja para que essas metas sejam alcançadas. Cada crente dos dias apostólicos era um dedicado, fervoroso e próspero ganhador de almas (At 8.4). Jesus foi enviado ao mundo para salvar os pecadores (Mt 11.28-30), através da mensagem do evangelho (1 Tm 1.15). Deve ser a nossa a resolução do apóstolo Paulo: “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego” (Rm 1.16).

Questionário
1. Qual o sentido da palavra “evangelho” no Novo Testamento?
R. É a mensagem de Cristo que salva o pecador (Jo 3.16; Rm 1.16). É o meio empregado por Deus para a salvação de todo aquele que crer (1 Co 15.2).
2. Onde no Antigo Testamento a palavra “boas novas” apresenta o mesmo sentido que encontramos no Novo Testamento? 
R. Isaías 52.7.
3. Originalmente a palavra “evangelho” significava uma mensagem ou um livro?
R. Uma mensagem.
4. Por que a introdução da epístola aos Romanos pode ser uma síntese do evangelho?
R. Diz tudo que o homem precisa saber sobre Jesus em tão poucas palavras.
5. Quais os principais elementos responsáveis pelo crescimento da Igreja? 
R. Evangelização, discipulado e intercessão.
Lição 2 - O Clamor do Mundo
 
INTRODUÇÃO

O quadro social e espiritual da Galiléia pode servir como amostra da humanidade sem Cristo. Além da mensagem de salvação, Jesus trazia conforto aos sofredores, e lenitivo para a alma. Ele se compadecia das multidões, pois eram como ovelhas que não têm pastor (Mt 9.36). Hoje veremos que as necessidades humanas são as mesmas daquele tempo, e que a Igreja tem a solução para os problemas do nosso povo: Jesus!


I. A GALILÉIA DOS GENTIOS

1. Galiléia.
Do hebraico galil, que significa “anel, círculo, região”, pois era um círculo de cidades em volta do mar da Galiléia. A palavra aparece no Antigo Testamento (Js 20.7; 1 Rs 9.11; Is 9.1). O rei da Assíria cercou Samaria, e levou em cativeiro as 10 tribos do Norte, em 722 a. C. (2 Rs 17.6) e trouxe gentios para povoarem a região (2 Rs 17.24). Isso deu origem a uma população mista com minoria judaica. As descobertas arqueológicas revelam a presença de cultos pagãos em Samaria, Fenícia, Síria e nas grandes cidades da Galiléia. A região era habitada predominantemente por esses gentios de modo que era chamada de “Galiléia dos Gentios”. 
2.
Por que a Galiléia era menosprezada? A região da Baixa Galiléia, ou Galiléia Inferior, mencionada na maioria das narrativas dos evangelhos é uma área de terra fértil e bem regada por ribeiros. Exportava cereais e azeite de oliva. A atividade pesqueira representava também uma parcela considerável da economia da região. Era densamente povoada, porém menosprezada pelos judeus (Jo 1.46; 7.52). A Galiléia esteve sob o governo da Fenícia durante 50 anos. Some-se a isso a diversidade da população com seus cultos e costumes pagãos; resultado: o desprezo dos judeus. 
3. O centro das atividades de Jesus.
Embora o texto sagrado afirme que Jesus curava a todos os enfermos, endemoninhados, lunáticos, paralíticos provenientes da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, da costa marítima, de Tiro e Sidom, e dalém do Jordão (v.25; Lc 6.17), ninguém pode negar que Ele haja operado mais sinais e maravilhas na Galiléia do que em qualquer outra região. Isso para que se cumprissem as profecias de Isaías (9.1,2) e porque a necessidade da Galiléia era maior. Cafarnaum, na Baixa Galiléia, é ainda hoje conhecida como a Cidade de Jesus (4.13; Mt 9.1). 

IIO SOFRIMENTO HUMANO

1. As necessidades do pobre. Os economistas costumam dizer que as necessidades humanas são ilimitadas, e os 
recursos disponíveis, escassos. Por isso, a escolha de prioridade na administração é muito importante em todas as esferas da vida: na igreja, no lar, na empresa, etc. Se a situação é essa, como ficam os que vivem em pobreza absoluta? A pobreza em Israel era grande naqueles dias. Se na Judéia, onde a população era mais elitizada, havia um número considerável de pessoas que viviam dos óbolos do Templo, o que não diremos da Galiléia?

2. As necessidades dos ricos.
Estes também têm suas necessidades espirituais. Problemas de ordem familiar, 
social, profissional. As riquezas não preenchem o vazio da alma. Pesquisas apontam que o maior índice de suicídio está na faixa entre 21 e 35 anos, incluindo os universitários e profissionais das classes mais abastadas. Suicídio é o resultado do fracasso espiritual. Ricos, pobres, intelectuais e ignorantes: todos clamam por paz de espírito e alegria na alma. Jesus é insubstituível; Ele veio para que o ser humano tenha vida com abundância (Jo 10.10).


II. O ÚNICO SALVADOR 

1. Cristo salva.
Jesus é o único Salvador. A declaração de que não há salvação debaixo do céu, a não ser em Jesus (At 4.12), nulifica as religiões pagãs. Jesus já nasceu Salvador (Lc 2.11). Deus o constituiu Príncipe e Salvador para “dar a Israel o arrependimento e remissão dos pecados” (At 5.31). O texto sagrado está dizendo que Deus, ao nomear o Senhor Jesus como Salvador, deu aos pecadores a oportunidade para o arrependimento. Se isso não acontecesse, não teríamos salvação. Esse exclusivismo ainda afronta o mundo pagão, e deixa em desconforto as religiões monoteístas, que não têm a Cristo como o Filho de Deus e o único Salvador do mundo. 

2. Cristo liberta.
Libertador e Salvador. São dois títulos aplicados a Cristo no Novo Testamento. A liberdade cristã oferecida por Jesus é diferente da liberdade apregoada hoje pela imprensa e pelos políticos. É o ato de libertar a nossa consciência da culpa do pecado. Essa promessa o Senhor Jesus a fez para todos os homens em todos os tempos (Jo 8.32-36). Disse o apóstolo Paulo: “e nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl 1.13 — Versão Almeida Atualizada). Devemos permanecer na liberdade com que Cristo nos libertou (Gl 5.1).

III. CRISTO CURA

1. A origem da enfermidade.
É verdade que a doença é uma das conseqüências, direta ou indireta, do pecado. Se não existisse pecado não existiriam enfermidades. Isso, porém, não serve para dar sustentação à teoria que afirma que a enfermidade significa estar o doente em pecado ou sem fé. Crer assim é afastar-se da verdade bíblica e brincar com a fé cristã. Há enfermidades que são conseqüências diretas do pecado (Jo 5.14). Mas o Novo Testamento fala também de homens piedosos que tiveram problemas de saúde (1Tm 5.23; 2 Tm 4.20). Não se pode generalizar neste particular.
2. O alcance do sacrifício de Jesus.
Jesus pode dar saúde a todos os enfermos, mas nem sempre compreendemos o plano de Deus em relação a determinada pessoa. Não existe, nesse mundo, sofrimento maior do que a enfermidade nas suas inumeráveis manifestações. Mas a obra de Jesus é completa; a expiação no Calvário alcança também a cura do corpo físico (Is 53.4; 1 Pe 2.24). Jesus conferiu à sua Igreja o poder de curar enfermos e libertar os oprimidos do Diabo (Mt 10.8; Mc 16.15-20). É dever nosso usar a autoridade do nome de Jesus para diminuir o sofrimento humano.

IV. A FELICIDADE HUMANA 

1. A felicidade está em Jesus.
O ministério de Jesus, aqui na terra, trouxe transformação para inúmeras vidas, mudou a Galiléia e alterou todo o curso da história da humanidade. Jesus tem e é a solução de todos os problemas (Mt 11.28-30). Ele, e somente Ele, pode dar sentido à vida. O mundo está em desespero. Infelizmente Satanás cegou de tal forma a humanidade, que muitos não conseguem reconhecer a Jesus como o seu Salvador e Libertador; vêem-no apenas como um concorrente de seus deuses (2 Co 4.4). 
2. Nós ou os anjos?
Hoje temos de combater o materialismo, o paganismo, a imoralidade, a corrupção. E, na autoridade do nome de Jesus, destruir todas as fortalezas do Diabo. As pessoas vítimas dessas coisas estão gemendo; clamam no vale da sombra e morte. Mas para que a luz do evangelho resplandeça sobre elas, é necessário que você lhes fale de Jesus, e mostre-lhes que Ele é a solução. Esta incumbência é nossa! O Senhor Jesus delegou essa tarefa aos seus discípulos; ou seja: a cada um de nós (Mt 28.19,20) e não aos anjos (1 Pe 1.12). 

CONCLUSÃO

Se cada um de nós fizer a sua parte, poderemos falar de Cristo a toda a humanidade e, assim, diminuir os seus sofrimentos. Pois a causa destes é de ordem espiritual (Lm 3.39). O Senhor Jesus equipou os seus discípulos e os enviou ao mundo a fim que mudassem a face do planeta. E eles o fizeram, porque cada um deles tinha a consciência de suas responsabilidades (At 8.4; 11.19,20). 
Questionário
1. Por que a Galiléia era uma região desprezada pela elite judaica?
R. Devido aos cultos pagãos e costumes de sua diversificada população.
2. Por que o Senhor Jesus procurou a Galiléia como centro de suas atividades?
R. Para que se cumprisse as profecias de Isaías e porque a necessidade da Galiléia era maior.
3. Qual o principal elemento causador do sofrimento humano?
R. O pecado.
4. Quem é a solução de todos os problemas?
R. Jesus.
5. Quem Deus chamou para levar o nome de Jesus aos sofredores?
R. Nós mesmos.

Lição 3 - O Missionário do Antigo Testamento
INTRODUÇÃO

O Cristianismo é a primeira religião proselitista e missionária da história, pois o evangelho não é uma mensagem alternativa, é única e exclusiva. Jesus afirmou que é uma questão de vida ou morte (Jo 17.3). No Antigo Testamento, missões era um projeto ainda não colocado em prática. O profeta Jonas, como missionário, era uma figura de Cristo. O Novo Testamento tornou explícito o que dantes estava implícito no Antigo. 

I. O CONTEXTO HISTÓRICO DE JONAS

1. O Reino de Israel. Após a morte de Salomão, o reino hebreu dividiu-se em dois: Israel, ou Reino do Norte, formado pelas 10 tribos encabeçadas por Efraim, tendo por capital inicialmente Gibeá, e, depois, no tempo de Onri, Samaria; Judá, formado por esta tribo e a de Benjamin, ou reino do Sul, cuja capital era Jerusalém, onde a dinastia de Davi continuou reinando por mais de 400 anos. 
2. O profeta e sua terra. Jonas era filho de Amitai. Viveu no Reino do Norte e habitava em Gate Hefer (2 Rs 15.25) que, segundo Jerônimo, era uma aldeia dos arredores de Nazaré da Galiléia. O profeta viveu na época de Jeroboão II, quando o Reino de Israel achava-se sob pressão dos assírios. A Assíria é a região onde hoje localiza-se o norte do Iraque, e sua capital, na antigüidade, era Nínive. 
3. Origem dos ninivitas. Cidade fundada por Ninrode, filho de Cam, neto de Noé (Gn 10.11,12), a Assíria é conhecida como o país de Ninrode (Mq 5.6). Os assírios são descendentes de Assur, ou Ashur, em hebraico, filho de Sem (Gn 10.22). A expressão “saiu ele à Assíria” (Gn 10.11) é de difícil interpretação; no original hebraico não se sabe se Ashur, ou Assíria, são uma e mesma coisa. Se o primeiro caso puder ser confirmado, significa que Ninrode juntou-se a Ashur, e ambos fundaram Nínive, além de outras cidades da região. Isso explicaria o fato de um país semita ser chamado de terra de Ninrode, um camita.
4. Característica dos ninivitas. Eram um povo beligerante. Os gregos caracterizavam-se pela filosofia, os fenícios pela arte náutica, os hebreus pelo monoteísmo ético, mas os assírios pela crueldade. São indescritíveis as torturas que eles aplicavam aos seus prisioneiros. A arte bélica era a característica dos assírios. Isso explica a deserção de Jonas; o profeta desejava fossem os assírios destruídos em conseqüência de sua maldade (Jn 4.1,2). 

II. A MENSAGEM DE JONAS

1. A incumbência de Jonas. Depois que o grande peixe vomitou o profeta, Deus novamente o envia a Nínive, dizendo: “prega contra ela a pregação que eu te disse” (v.2). Qual foi a pregação que Deus entregou a Jonas? “Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida” (v.4). Não era uma mensagem de misericórdia, mas uma sentença de condenação. Era o anúncio do juízo de Deus sobre a cidade.
2. O Senhor Jesus. O Senhor Jesus apresentou suas credenciais de Messias: sinais e maravilhas nunca vistos desde a fundação do mundo, ensinos extraordinários que vêm impressionando a humanidade nesses 2.000 anos de Cristianismo, trazendo-nos uma mensagem de perdão e de amor. Não há razão para recusarmos o evangelho ou duvidar do Senhor Jesus. Ele tem o testemunho da lei e dos profetas (Rm 3.21). A Bíblia declara: “A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome” (At 10.43). 
3. O profeta Jonas. O profeta Jonas, ao contrário, não mostrou sinais nem maravilhas e a sua mensagem não era de perdão; sequer convidou os ninivitas ao arrependimento. Todavia, o povo arrependeu-se a ponto de o rei proclamar um jejum para toda a cidade e até para os animais. E, assim, o povo alcançou misericórdia.Por isso Jesus disse que os ninivitas estariam presentes no juízo para condenar aquela geração incrédula que recusou o Filho de Deus: “Os ninivitas ressurgirão no Juízo com esta geração e a condenarão, porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis que está aqui quem é mais do que Jonas” (Mt 12.41). 

III. MISSÕES NAS RELIGIÕES ANTIGAS

1. Os pagãos. As religiões do antigo Oriente Médio eram tribais. Não há registro de que um adepto de Astarote, divindade dos sidônios; ou de Milcom, dos amonitas (1 Rs 11.5), ou ainda de qualquer outra divindade, haja levado sua mensagem para os adeptos de outros deuses, pois tais religiões eram algo mais de caráter cultural do que espiritual. Os pagãos entendiam que a cada povo bastava o seu deus. 
2. O Judaísmo. Apesar de o Judaísmo não adorar a um Deus tribal, não é uma religião missionária, nem proselitista. Mas o Antigo Testamento, que os judeus acatam como a Palavra de Deus, assevera que toda a terra é do SENHOR (Êx 19.5; Sl 24.1). Por conseguinte, Deus tem o direito de reinar sobre todas as nações e de proclamar seus juízos e a sua salvação. Com exceção de Jonas, os profetas do Senhor sempre eram enviados ao seu próprio povo, e, em seus escritos, encontramos mensagens de advertências, ameaças e também de bênçãos para as nações vizinhas. 
3. Os prosélitos no Novo Testamento. Eram gentios convertidos à fé judaica (At 2.10; 6.5; 13.43). Parece que havia empenho das autoridades judaicas do primeiro século no proselitismo (Mt 23.15). O prosélito submetia-se a três coisas: fazer a circuncisão, oferecer um sacrifício e submeter-se ao batismo. No batismo, o local não podia conter menos que 300 litros de água e todo o corpo devia ser tocado pela água. A pessoa tinha de rapar o cabelo, cortar as unhas e por-se desnuda. Ainda na água, lia uma parte da Lei, e fazia a confissão de fé, diante de três testemunhas — uma espécie de padrinhos. Em seguida, recebia as palavras de consolo e de bênção. Quando saía das águas batismais, já era membro da família de Israel. Era o batismo deles. Hoje os rabinos fazem sérias objeções aos gentios que desejam se converter ao Judaísmo. Eles se empenham, acima de tudo, em 
trazer de volta para o Judaísmo seus próprios irmãos: os judeus não religiosos. 
4. Profecias cumpridas. Há no Antigo Testamento vislumbres missionários, de profecias que se cumpriram no Novo Testamento. A mensagem de Gn 12.3: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” era a promessa de Deus para salvar os gentios (Gl 3.8). Isso está ainda mais claro no profeta Isaías: “As ilhas aguardarão a sua doutrina” (42.4). Ou: “E, no seu nome, os gentios esperarão”, conforme a Septuaginta, citada em Mt 12.21. Isso também é visto em Os 1.10; 2.23, citado em Rm 9.25,26. O Cristianismo é a primeira religião missionária do mundo.

IV. O CARÁTER UNIVERSAL DO CRISTIANISMO

1. Os gentios ontem e hoje. Os gentios, goiym em hebraico, são todas as nações que estão fora do povo de Israel. Até a vinda de Jesus, a humanidade estava dividida em dois povos: gentios e judeus, e o plano de Deus era a reunificação deles, derribando a parede de separação, o que Jesus realmente fez através de sua morte na cruz (Ef 2.13-18). Hoje deixa de ser gentio quem se converte ao Senhor Jesus (1 Co 12.2; Ef 2.11). Somos filhos de Abraão, no sentido espiritual (Rm 4.12-12; 9.8, 30-32; Gl 3.7). 
2. Jonas, uma figura de Cristo. Ambos foram enviados aos gentios, eram galileus e por três dias e três noites ficaram nas profundezas; Jonas, no ventre do grande peixe; Jesus no seio da terra (Mt 12.40). Tais semelhanças servem para mostrar que Jonas é a figura de Cristo no Antigo Testamento. Ali estava o prenúncio da salvação dos gentios. A redenção destes estava no plano de Deus antes da fundação mundo (Ap 13.8); não foi uma improvisação de última hora feita por Jesus. Os profetas falaram dessa salvação (1 Pe 1.10-12).

CONCLUSÃO

O Messias, objeto da expectativa dos profetas do Antigo Testamento, é o Cristo do Novo Testamento. O trabalho missionário, iniciado por Jonas, continuou com os apóstolos, cabendo-nos a tarefa de expandi-lo até aos confins da terra. Hoje somos frutos de missões e devemos fazer missões; há ainda milhões que estão perecendo sem o conhecimento do evangelho. 
Questionário
1. Qual a primeira religião proselitista e missionária da história?
R. O Cristianismo.
2. Qual a origem dos ninivitas?
R. Ninrode, filho de Cam, neto de Noé.
3. Qual a mensagem de Jonas para os ninivitas?
R. “Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida”.
4. Por que os ninivitas se levantarão no juízo para condenar a geração que rejeitou o Senhor Jesus?
R. Porque se arrependeram com a pregação de Jonas.
5. Em que sentido Jonas é uma figura de Cristo?
R. Ambos foram enviados aos gentios, eram galileus e ficaram três dias e três noites em profundezas.
Lição 4 - JESUS, O Missionário Por Excelência
 
INTRODUÇÃO

O Senhor Jesus Cristo é divisor de águas de nossas vidas e da História Universal. Ele é o único cuja história afeta a vida humana. Ninguém pode ficar alheio à sua vida e obra. É o nosso modelo em tudo; a Bíblia diz que em tudo foi perfeito; é nEle que devemos nos inspirar. Ele é o missionário por excelência. 

I. O SENHOR JESUS CRISTO

1. Senhor. Fala da divindade absoluta de Jesus. A Septuaginta traduziu Adonay e Jeová pela palavra grega kyrios que é “Senhor”, nome divino. Dizer: “César é Senhor” seria reconhecer a divindade do imperador romano. Era por isso que os cristãos primitivos recusavam-se a chamar a César de Senhor. O apóstolo Paulo disse: “e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo” (1 Co 12.3). Se Cristo fosse um mero Senhor, haveria necessidade de o Espírito Santo o revelar? Claro que não (At 2.36). 
2. Origem do nome Jesus. O nome Jesus vem do hebraico Yehoshua ou Yeshua — “Josué”, que significa “Jeová” ou “Iavé é salvação”. Josué era chamado de Oshea ben Num “Oséias filho de Num” (Nm 13.8; Dt 32.44). Moisés mudou seu nome para Yehoshua ben Num “Josué filho de Num” (Nm 13.16). A Septuaginta transliterou o nome hebraico por Iesous — “Jesus”, em todas as passagens do Antigo Testamento, exceto 1 Cr 7.27, que aparece Iousue — “Josué”. 
3. Cristo. É a forma grega do nome hebraico mashiach — Messias, que significa “ungido” (Dn 9.25, 26). O Novo Testamento diz que Messias é o mesmo que Cristo (Jo 1.41; 4.25). Isso por si só reduz a cinzas todos os argumentos das seitas que propagam tais coisas. O nome Jesus Cristo quer dizer: Salvador Ungido. E a Palavra Senhor diz respeito à sua deidade absoluta. 


II. O ENVIADO DO PAI

1. Missionário. O conceito de “missão” no contexto bíblico teológico é “enviar” e vem da palavra grega apostolos. Esse vocábulo é usado no Novo Testamento para designar os doze apóstolos: “e escolheu doze deles, a quem deu o nome de apóstolos” (Lc 6.13). É também usado para os enviados como embaixadores ou missionários da Igreja (2 Co 8.23; Fp 2.25). A Igreja Ortodoxa Grega desde o princípio usava o vocábulo apostolos para designar seus missionários. Já os nossos termos linguísticos “missão” e “missionário” vem do latim “mitto”, que quer dizer enviar, mandar.
2. O enviado de Deus. Jesus é chamado de apostolos no Novo Testamento grego: “Considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão” (Hb 3.1). Deus enviou o seu Filho ao mundo (v.17), o Filho enviou seus discípulos ao mundo (Jo 20.21), o Pai e o Filho enviaram o Espírito Santo para dar poder à Igreja em sua missão de buscar os perdidos da terra (Lc 24.49; At 1.8). A Bíblia diz que Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores (1Tm 1.15). Essa, portanto, foi a missão na terra do missionário por excelência. 
3. Jesus é singular. Basta uma lida nos Evangelhos para deixar qualquer um perplexo. A perfeição e a singularidade que encontramos na vida e ministério de Jesus são algo nunca visto na história. Não procurava status e associava-se com os pecadores: publicanos e prostitutas (Mt 11.19; 21.31,32); embora santo, perfeito e impecável, foi submetido aos nossos sofrimentos e provações. Rompeu barreiras geográficas, culturais, étnicas e religiosas (Mc 7.24-27; Jo 4.9). Eis o modelo de missionário: Jesus é de todos e para todos; é o único Salvador do mundo; é dever nosso levar o seu nome para as nações (Lc 24.47; At 1.8). 

III. O VERDADEIRO HOMEM E O VERDADEIRO DEUS 

1. Deus entre os homens. Se apenas o prólogo do Evangelho de João (1.1-14) fosse a única passagem da Bíblia que fizesse menção da deidade absoluta de Jesus, teríamos mais que o suficiente para fundamentar a doutrina de sua divindade. No entanto, temos na Bíblia inúmeras passagens que falam de maneira explícita que Jesus é Deus (Rm 9.5; Fp 2.5;Tt 2.14; Hb 1.8; 2 Pe 1.1) e ao mesmo tempo homem (1 Tm 2.5; 1 Jo 4.3). Deus assumiu a forma humana para entrar no mundo; é o que a Bíblia chama de “mistério da piedade” (1 Tm 3.16); pois “o Verbo se fez carne e habitou entre nós e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14). 
2. Seu poder. Jesus revelou seu poder sobre o reino das trevas, sobre Satanás e o inferno (Mc 5.7-13); sobre as enfermidades e a morte (Mt 10.8), sobre o pecado e sobre a natureza (Jo 8.46; Mt 8.26, 27). Provou ser o verdadeiro Homem e o verdadeiro Deus. Nunca pronunciou palavras tais: “talvez, eu acho que..., não sei mas vou pesquisar, isso é muito difícil e vou orar e perguntar ao Pai, suponho que”, não! Mas sempre dizia: “Na verdade, na verdade te digo” (Jo 3.3); “Em verdade te digo” (Lc 23.43); “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” (Mt 24.35). Não havia a palavra “impossível” no seu dicionário. 
3. O caráter divino de Jesus. Você nunca ouviu um muçulmano dizer: “Maomé vive em mim”, ou: “ele habita em meu 
coração”, ou ainda: “tenho comunhão com Maomé”. Da mesma forma os judeus com relação a Moisés, os budista com Buda, os confucionistas com Confúcio. Mas com Jesus é diferente. Nenhum dos chefes religiosos acima afirmou alguma vez ser o Deus verdadeiro, o Criador do céu e da terra, porém Jesus declarou sê-lo e realmente o é! (Jo 8.58; 10.30-33). Ele garantiu habitar nos corações de seus seguidores: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (Jo 14.23). Podemos como salvos dizer “Cristo vive mim” (Gl 2.20).


CONCLUSÃO

Não existe argumento convincente para não se crer em Jesus. Ele continua vivo em glória e majestade e tem todo o poder no céu e na terra. A grandeza do nome de Jesus pode ser vista na Bíblia, na história, nas artes, no nosso dia-a-dia e, principalmente, no testemunho pessoal de seus seguidores. Mesmo sob perseguições, o seu nome atravessou os séculos e, com a arma do amor, fundou o maior império da história – o único que não será destruído: o Reino de Deus, prometido pelo Senhor a Davi, e cumprido plenamente em Cristo Jesus Nosso Senhor. 
Questionário
1. Qual a importância de Jesus na vida humana e na história?
R. Jesus Cristo é o “divisor de águas” em nossas vidas e na história.
2. O que o significa os nomes: “Senhor”, “Jesus” e “Cristo”?
R. Senhor, fala da divindade absoluta de Jesus; Jesus, significa “Jeová ou Iavé é salvação”; Cristo, significa “ungido”.
3. Atualmente qual a forma de “Jesus” em hebraico?
R. Yeshua.
4. Qual o significado da palavra “missionário”?
R. Significa aquele que é enviado ou mandado com uma missão.
5. Quem é o missionário por excelência e qual a sua missão na terra? 
R. Jesus. Ele foi enviado ao mundo para salvar os pecadores.

Lição 5 - O Manual de Missões
 
INTRODUÇÃO

Todos os cristãos reconhecem a origem divina das Escrituras. Não é possível separar missão da Bíblia. Nesta encontramos o tema de missões: JESUS, e “tudo o que diz respeito à vida e a piedade” (2 Pe 1.3). O estudo de hoje não é uma defesa à inspiração e à autoridade das Escrituras, porque todos os cristãos já reconhecem a origem divina da Bíblia, mas mostra que a obra missionária está presente em toda a Bíblia, desde o Gênesis ao Apocalipse. 

I. POR QUE A BÍBLIA É O MANUAL DE MISSÕES POR EXCELÊNCIA?


1. Porque ela evidencia os propósitos universais de Deus para a Redenção do homem. A Bíblia é a única obra literária do planeta que registra a nossa origem: o que somos, de onde viemos e para onde vamos. Deus quer que todos os seres humanos conheçam a verdade sobre Ele e de como Ele se revelou nas Santas Escrituras; e, também sobre a natureza humana. A vontade de Deus é que todos os homens se arrependam e venham ao conhecimento da verdade (1 Tm 2.4). Deus sempre se preocupou com o bem-estar do homem. Essa vontade só pode ser conhecida pela revelação e isso encontramos nos oráculos divinos, a Bíblia Sagrada. 
2. Porque ela nos apresenta o fundamento, o norte, e as estratégias missionárias. É na Bíblia que encontramos os registros das primeiras missões. Além disso mostra como plantar igrejas locais, as estratégias de evangelização, as possíveis atividades de um missionário no campo, o papel da igreja missionária e os problemas enfrentados no campo missionário. Essas coisas nos inspiram e orientam como fazer missões. 
O registro das viagens missionárias na Bíblia serve também para mostrar o modus operandi, ou seja: como fazer. Deus nos manda fazer missões e além disso ordenou fosse registrada em sua Palavra as viagens missionárias, principalmente as do apóstolo Paulo, para que todos possam visualizar uma viagem missionária e todas as possível atividades de um obreiro no campo missionário. A Bíblia é o manual por excelência de missões porque é a revelação de Deus à humanidade. Além de ser a única fonte inspirada de teologia e ética, ela nos ensina como fazer missões. 

II. A VISÃO MISSIONÁRIA PRENUNCIADA NO ANTIGO TESTAMENTO

1. Exemplificada no comissionamento dos Patriarcas. A obra missionária está no coração de Deus. O patriarca Abraão foi chamado por Deus para deixar sua terra e partir para uma terra distante e desconhecida (At 7.2-4). Quando Deus apareceu a Abraão, em Harã, prometeu: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3). Essa promessa foi confirmada depois a Isaque (Gn 26.4) também a Jacó (Gn 28.14). Isso significa que o próprio Deus pregou o evangelho primeiramente a Abraão prevendo sua extensão por toda a terra (Gl 3.8). Nisso podemos ver missões tanto no exemplo, no comissionamento de Abraão, como também de maneira direta: as famílias da terra sendo abençoadas no patriarca Abraão.
2. Cantada nos Salmos. Os salmos também vislumbravam a obra missionária em toda a terra: “Anunciai entre as nações a sua glória; entre os povos, as suas maravilhas” (Sl 93.3). O salmo 67 é essencialmente missionário. A chegada do evangelho entre os etíopes é cumprimento de uma profecia bíblica cantada nos Salmos (Sl 68.31). Assim, a conversão do eunuco da rainha Candace, da Etiópia (At 8.27, 39), eram as primícias do Pentecostes representadas nas 17 nações que começavam a se espalhar entre as nações: Etiópia, casa de Cornélio, Antioquia da Síria e finalmente “os confins da terra”. 
3. Conscientizada nos profetas. Estudamos na lição 3 a visão missionária nos discursos proféticos, sendo Jonas enviado para Nínive. Deus é apresentado nos profetas como Deus universal, de toda a terra, e não meramente um Deus tribal restrito aos filhos de Israel (Is 40.28). Encontramos tanto de maneira implícita como explícita a natureza missionária do Cristianismo em termos proféticos (Is 42.4; 49.6). Veja o cumprimento dessas profecias no Novo Testamento (Mt 12.21; At 13.47).

III. A VISÃO MISSIONÁRIA CONFIRMADA NO NOVO TESTAMENTO

1. Os evangelhos – Jesus o maior exemplo. O Senhor Jesus está presente em cada livro da Bíblia, mas somente os quatro Evangelhos revelam sua vida e ministério e o reconhecem como o cumprimento das promessas de Deus. Estudamos na lição passada que Jesus é o enviado do Pai (Jo 3.16,17), sendo o maior exemplo para os missionários de todos os tempos. O objetivo da obra missionária é tornar o nome de Jesus conhecido em todas as nações da terra. De todos os 66 livros da Bíblia os evangelhos se destacam na revelação da pessoa de Jesus e de sua história: nascimento, vida, morte, ressurreição e ascensão ao céu.
2. As epístolas. Sabemos que a história da vida de Jesus está registrada nos quatro Evangelhos, mas a interpretação teológica está nas epístolas. Elas tratam dos mais variados assuntos fundamentais da fé cristã. No que tange à missiologia, servem também para estabelecer disciplinas e encorajar as igrejas às missões (Rm 10.13-15; Gl 2.9). O papel de Atos é decisivo em missões, por isso vamos estudá-lo à parte, na próxima lição. No Apocalipse encontramos o fim glorioso da jornada da Igreja (Ap 21.3,4). O Senhor Jesus é o centro das Escrituras e da mensagem dos missionários. Nenhum missionário pode fazer coisa alguma sem o Espírito Santo, sem o Senhor Jesus e sem a Bíblia. 

IV. A VISÃO MISSIONÁRIA ULTIMADA NA GRANDE COMISSÃO

1. A Grande Comissão. Registrada nos quatro Evangelhos e repetida em Atos (Mt 28.18-20, Mc 16.15-20; Lc 24.46-49; Jo 20.20-2; At 1.8). Essas diferentes narrações se completam entre si apresentando um resumo dos elementos básicos para missões. No Evangelho de João, lemos que Jesus veio pela autoridade do Pai, e na sua própria autoridade enviou seus discípulos ao mundo, e esse poder abrange todo o universo “o céu e a terra”, que na ação do Espírito Santo Jesus deu aos seus discípulos o poder sobrenatural para que a obra de Deus seja realizada (Mc 16.17, 18; At 1.8). 
2. Uma ordem e não uma recomendação. Fazer missões é mandamento bíblico. Trata-se de uma ordem bíblica imperativa e não meramente um parecer ou uma recomendação. É algo que não depende mais de mandamento específico ou de receber uma visão especial da parte de Deus para iniciar a obra missionária. Essa ordem, como vimos, já está na Bíblia (1 Co 9.16). Essa mensagem de salvação é para ser pregada a “todo o mundo” (Mc 16.15), até aos confins da terra, mediante a atuação do Espírito Santo (At 1.8). Essa incumbência foi dada à Igreja. O que é necessário é buscar a direção do Espírito para saber como realizar tal tarefa.
CONCLUSÃO

Missões está em toda a Bíblia. Visto que o propósito fundamental da Palavra de Deus é a redenção humana e missões se insere nesse contexto, é correto afirmar que está presente desde o Gênesis ao Apocalipse. Essa presença pode ser direta ou indireta, nas ilustrações, figuras, profecias. O livro de Atos se sobressai em missões, registra os grandes trabalhos missionários. Missões, contudo, está em toda a Bíblia. O livro do Senhor é o manual de missões.
Questionário
1. Por que a Bíblia é o manual de missões por excelência? 
R. Porque é a revelação de Deus à humanidade. Além de ser a única fonte inspirada de teologia e ética, ela nos ensina como fazer missões. 
2. Qual a frase que pode nos mostrar missões mundiais nas promessas de Deus a Abraão? 
R. “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3).
3. Quem é o centro das Escrituras e da mensagem dos missionários? 
R. O Senhor Jesus Cristo.
4. Por que não é necessário receber uma visão especial para fazer missões? 
R. Porque essa ordem já está na Bíblia (Mt 28.19,20; Mc 16.16-20; Lc 24.47; At 1.8).
5. Por que é correto afirmar que missões está em toda a Bíblia? 
R. Porque o propósito fundamental da Bíblia é a redenção humana e missões se insere nesse contexto, é correto afirmar que está presente desde o Gênesis ao Apocalipse.
Sugerimos que peça a algum aluno da classe para pesquisar junto à Sociedade Bíblica do Brasil e elabore um relatório sobre como anda a distribuição e tradução da Bíblia no mundo. Dê oportunidade para o aluno fazer uma apresentação na próxima aula.
A Bíblia é o manual de missões por excelência. Nela encontramos precedentes de toda experiência, estratégia de trabalho, e até exemplos dos problemas que o obreiro pode enfrentar no campo missionário, pois a obra missionária está presente em toda a Bíblia, desde o Gênesis ao Apocalipse.
Transcreva para o quadro de giz a figura abaixo, mas sem o preenchimento. Peça a seus alunos para preencherem com referências bíblicas evidenciando os ensinos missionários da Bíblia:
 
 
Livros
Idéias Missionários
no AT
Livros
Idéias Missionárias
no NT
Pentateuco 
Adão Gn 1.28;3.15
Noé Gn 9.1
Abraão Gn 26.2-4
Isaque Gn 26.2-4
Jacó Gn 28.12-14
Moisés Êx 19.5,6
Evangelhos 
Lc 9.1-6; 24.45-49
Mt 10.16-42; 
23.16-20
Históricos
 Naamã 2 Rs 5
Raabe Js 2; Hb 11.31
O livro de Ester
Atos
At 1.8; 5.28,42; 
8.4,11,20; 17.6
Poéticos 
Salmos 47; 50; 67; 
72; 89; 96; 98; 
104;117.
Epístolas 
Rm 15.9; Gl 1.15,16; 
3.8; Ef 3.4-6; Fp 
2.10,11; 
1 Tm 2.4; 3.16.
Proféticos 
Is 45.21,22; Jr 3.17; 
Hb 2.14; Ag 2.7; Zc 
9.10; Ml 1.11
Apocalipse 
Ap 5.9,10,13; 7.9; 
10.11; 11.15; 
20.11-15; 21.9-27.
 
Lição 6 - Atos, O Livro das Missões
 
INTRODUÇÃO

Dos 66 livros da Bíblia, Atos é o que mais se destaca na obra missionária, pois registra missões por todos os ângulos, mostrando todas as possíveis atividades de um missionário. O poder do Espírito Santo, a obra da evangelização e as viagens missionárias do apóstolo Paulo são o conteúdo de Atos. Essas viagens são o assunto que vamos estudar hoje.

I. O LIVRO DE ATOS

1. O propósito de Atos. O propósito de Lucas, em seu Evangelho, foi escrever tudo o que Jesus “começou não só a fazer, mas a ensinar” (v.1). No livro de Atos, o propósito foi registrar o que Jesus continuou a fazer e a ensinar, agora, pelo Espírito Santo, através dos apóstolos, dando ênfase a ressurreição de Jesus, que “se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas” (v.3). 
2. Visão geral de Atos. O livro de Atos começa com o aparecimento de Jesus já ressuscitado, reunindo-se com os seus discípulos durante 40 dias. Jesus, ao ascender ao céu reafirma a promessa do Espírito Santo, a fim de que os seus discípulos se encham do poder de Deus para pregar e fazer missões. A trajetória da Igreja começa em Jerusalém (1.1–6.7); em seguida, temos a extensão do Cristianismo na Palestina (6.8–9.31) e conversão de Saulo de Tarso até a introdução do evangelho em Antioquia da Síria (9.1–11.19). Depois vem a campanha de Paulo na Galácia (13.14–16.6); a proclamação do evangelho na Europa (At 16.8–18.18); e a chegada de Paulo a Roma, a capital do Império Romano (19.21–28.31).
3. O valor de Atos. Sem o livro de Atos é impossível entender as epístolas paulinas. A origem da Igreja estaria envolta em mistério, e não teríamos a garantia do cumprimento das promessas de Jesus sobre a vinda do Consolador e nem saberíamos qual a experiência dos apóstolos com o Espírito Santo, como foi a obra missionária, como a Igreja se expandiu pelo mundo. Essas narrativas são de inestimável valor para todas as gerações de cristãos. 

II. A PRIMEIRA VIAGEM 

1. Partindo de Antioquia. Barnabé foi o companheiro de Paulo na sua primeira viagem missionária, que durou cerca de dois anos (entre 46 e 48 d.C.) O objetivo deles era fundar igrejas. Começaram na ilha de Chipre; logo entraram no continente, passando por Perge e Panfília, indo imediatamente para Antioquia da Pisídia, na Galácia do Sul.
2. Antioquia da Pisídia. Nessa cidade Paulo e Barnabé começaram a pregar numa sinagoga (13.14). Uns creram e receberam a palavra, insistindo que Paulo retornasse no sábado seguinte para continuar o assunto. O número dos assistentes foi grande no sábado seguinte, e isso causou inveja nos judeus, resultando em perseguição. Paulo e Barnabé foram expulsos da cidade (13.42-46).
3. Listra, Icônio e Derbe. A cura de um coxo em Listra serviu como ponto de apoio para a pregação do evangelho (14.8-10). Depois disso Paulo e Barnabé foram para Derbe (14.20), e retornaram para o ponto de partida, visitando as igrejas em Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia (14.22) e estabelecendo obreiros nativos, frutos do trabalho missionário. 

III. A SEGUNDA VIAGEM

1. Objetivo da segunda viagem. Na Segunda viagem, Silas foi companheiro de Paulo. O objetivo era duplo, revisitar as igrejas da Galácia do Sul, que Paulo fundara juntamente com Barnabé na primeira viagem (15.36; 16.1-6; Gl 1.2), e abrir novas frentes de trabalho, ou seja, fundar mais igrejas locais (v.6). O apóstolo não pretendia ir para a Europa; sua intenção era ir para Ásia: “foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a Palavra na Ásia” (16.6). Depois Paulo intentou ir para a Bitínia, mas novamente foi impedido (16.7), sendo em seguida impulsionado a rumar para Trôas. 
2. As igrejas européias. O apóstolo Paulo visitou muitas cid